ATA DA OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM  30.01.1997.

 


Aos trinta dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, João Dib, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário e Renato Guimarães, Titulares. Ainda, durante a presente Reunião, compareceram os Vereadores Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol, Titulares, e Cyro Martini, Suplente. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Primeira Reunião Extraordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 32 a 39/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 02/97, da Diretoria do Conselho Estadual de Cultura/RS; 04/97, do Secretário Municipal da Fazenda, Senhor Arno Augustin; 16/97, da Diretoria da Associação Riograndense de Imprensa; 24/97, do Senhor Fernando Onofre Batista da Costa, Presidente do Conselho Regional dos Representantes Comerciais do Estado/RS; s/nº, do Senhor Helival Rios, Diretor da Subsecretaria de Divulgação do Senado Federal; Fax nº 43/97, do Deputado Federal Nelson Marchezan; Convites da Sociedade Ginástica Porto Alegre - SOGIPA -, para a Apresentação da Decoração do Baile Municipal/97 e escolha da Rainha do Municipal/98; e do General de Brigada Dilermando Carlos Soares Adler, para a solenidade de passagem de Comando da 6ª DE ao General de Divisão Alcedir Pereira Lopes. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 02 Indicações nºs 01 e 02/97 (Processos nºs 370 e 381/97, respectivamente); pelo Vereador Fernando Záchia, 01 Pedido de Providências. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Juarez Pinheiro comentou o projeto de reforma administrativa defendido pelo Governo Federal, afirmando que as privatizações propostas para a área da saúde resultarão em sérios prejuízos à população mais carente. O Vereador João Dib comentou Requerimentos de sua autoria, relativos às licenças solicitadas pelos Vereadores Henrique Fontana e João Verle e ao número de Cargos em Comissão que possui cada Vereador desta Casa. Também, registrou que ingressará na Justiça, a fim de esclarecer a situação dos Vereadores João Verle e Henrique Fontana, no que se refere as suas posses em cargos públicos municipais. Finalizando, criticou a forma como vem sendo feita a limpeza do Arroio Dilúvio. O Vereador Guilherme Barbosa discorreu sobre críticas feitas, por alguns Vereadores, na Reunião de ontem, em relação à propaganda do Executivo Municipal sobre a utilização dos recursos oriundos  do  Imposto  Predial  e Territorial Urbano - IPTU - , defendendo a veracidade dos dados apresentados nesta propaganda e traçando paralelo entre a atuação dos Governos Municipal, Estadual e Federal. O Vereador Adeli Sell comentou visita  realizada à comunidade do Parque Santa Rita, atentando para prédio federal ali existente, o qual se encontra desativado, defendendo a busca, pelo Executivo Municipal, de acordos com os Governos Estadual e Federal para utilização desse espaço. Manifestou sua preocupação com a questão do desemprego, propugnando por um maior incentivo para a indústria do turismo em Porto Alegre. Ainda, contraditou críticas ontem aqui feitas ao Partido dos Trabalhadores, referentes a gastos do Executivo Municipal com publicidade. Ao final, registrou o falecimento, dia vinte e oito do corrente, do escritor Antônio Callado. O Vereador Cyro Martini reportou-se a operação policial ocorrida ontem, nos bairros Vila Vargas, Campo da Tuca e Morro da Cruz, parabenizando a Brigada Militar por sua ação criteriosa durante a diligência, mas atentando para os problemas oriundos deste tipo de ação e defendendo  uma metodologia de combate ao crime  embasada prioritariamente em procedimentos de investigação. O Vereador Reginaldo Pujol criticou as peças publicitárias da Administração Popular referentes ao pagamento antecipado do IPTU, classificando-as como enganosas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, reportando-se à matéria publicado no jornal Zero Hora, no dia primeiro de janeiro do corrente ano, discorreu sobre a instalação periódica de uma feira livre na Rua Pereira Franco, a qual ocasionaria prejuízos para o tráfego no local. Falou também a respeito do entupimento dos bueiros na Avenida Goethe e dos alagamentos resultantes dessa situação. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Isaac Ainhorn teceu comentários a respeito da atual conjuntura política do país, ressaltando aspectos referentes à participação das oposições no  encaminhamento dos destinos da Nação e comentando entrevista dada à imprensa pelo Deputado Federal Paulo Delgado, do Partido dos Trabalhadores. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn deu continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, acerca da conjuntura política brasileira, analisando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Exibiu fotografias e denunciou a instalação de habitações precárias em frente à Gruta da Glória, na Avenida Oscar Pereira, alertando para os riscos à população resultantes do desmatamento daquela área. O Vereador Guilherme Barbosa classificou como autoritário o uso excessivo de Medidas Provisórias por parte do Governo Federal. Ainda, declarou serem satisfatórios os serviços prestados pela Secretaria Municipal dos Transportes. Às onze horas e vinte minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol, Guilherme Barbosa e Carlos Garcia e secretariados pelos Vereadores Guilherme Barbosa e Carlos Garcia. Do que eu, Guilherme Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse  lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Havendo quórum, passamos à

 

 

ORDEM DO DIA<C>

 

Não havendo Requerimentos sobre a mesa, passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES<C>

 

Com a palavra o Ver. Renato Guimarães. Desiste. Ver. Reginaldo Pujol. Ausente. Ver. Paulo Brum. Ausente. Ver. Nereu D'Ávila. Ausente. Verª. Maria do Rosário. Desiste.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra por 10 minutos. São permitidos apartes.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Lê.):

" PRIVATIZAÇÃO, TAMBÉM NA ÁREA DA SAÚDE.

 

O Governo Federal aguarda apenas a votação da Emenda Constitucional da Reeleição, em 2º turno, para encaminhar de forma autoritária, eis que por Medida Provisória, projeto que faz parte da Reforma Administrativa, mal denominado de "Organizações Sociais." Referido projeto passa para a iniciativa privada, com seus métodos, funções essenciais e típicas do Estado, consideradas não exclusivas, como, por exemplo, saúde e educação.

O projeto, engendrado pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), mais precisamente pelo "ideólogo", Ministro Bresser Pereira, causa perplexidade a todos os cidadãos de boa-fé que sobre ele deitam seu exame, por mais preliminar que seja. Trata-se, na verdade, da forma mais acabada da total desresponsabilização do Estado com as políticas sociais, especialmente a saúde. Para nós não se trata de um roteiro de privatização, como tem sido afirmado por alguns, mas privatização já, com forma mais pérfida das que, até agora, foram utilizadas, com o objetivo de sucatear o Estado.

Pelo projeto genocida, da lavra do Ministro Bresser, entidades públicas da área da saúde, como, aqui em Porto Alegre, o Grupo Hospitalar Conceição e o Hospital Presidente Vargas, são repassados para grupos privados, sem licitação, organizados sob a forma jurídica de fundações privadas ou sociedades sem fins lucrativos. A escolha dos entes públicos que comporão o "rol dos privatizáveis", segundo a última minuta da MP, repassada a sociedade a título de balão de ensaio, será tarefa exclusiva do MARE, sendo, assim desconsiderada a participação do Ministério a que pertence o órgão a ser extinto. As fundações privadas ou sociedades sem fins lucrativos, ilegalmente escolhidas a dedo, serão classificadas como "Organizações Sociais", inovação no Direito Administrativo Brasileiro que, segundo Bresser, passarão a compor o "espaço público não estatal". Após a qualificação da nova pessoa jurídica de direito privado como "Organização Social" o órgão público que lhe deu origem é extinto, possivelmente por MP, passando todo seu patrimônio, também sem licitação, para o novo ente.

O Projeto constituiu-se, assim, numa contradição do próprio discurso neoliberal de FHC que, inicialmente, dizia que privatizaria as estatais para ter mais recursos para a saúde e educação. Pior do que a contradição do discurso neoliberal, que passa a tratar saúde como mercadoria, serão as conseqüências do projeto, ou seja: diminuição dos leitos públicos, cobrança de atendimentos hoje gratuitos, diminuição do controle social sobre verbas enormes que serão repassadas às Organizações Sociais, através de Contratos de Gestão, bem como enfraquecimento do SUS, conquista histórica da verdadeira "Organização Social". Saliente-se, finalmente, que as novas entidades não estarão obrigadas a efetuar suas compras sob a égide da Lei de Licitações, nem a realizar concurso público para selecionar seus empregados." 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ontem entrei com um Requerimento, na Casa, para que a Mesa respondesse com brevidade, com a urgência necessária a situação dos dois Vereadores que estão no Executivo. Tenho ali, na minha mesa, os processos e estou me colocando à disposição da Mesa para dar todas as informações. Esse Requerimento é sucinto e apenas pede que se examine a situação, considerando o que ocorreu no passado com três Vereadores que foram diretores de autarquias e considerando que a Lei Orgânica repete a Constituição de 1988, e que a Constituição de 1988 repete a Constituição de 1967 com as mesmas palavras. Também trouxe jurisprudência do Estado do Rio Grande do Sul sobre autarquias, datada de outubro de 1991.

Hoje entrei com outro requerimento que, também, gostaria de ver respondido com brevidade, porque esse não tem que estudar. Quero, apenas, que me seja comunicado quantos auxiliares parlamentares, coordenadores de bancada, enfim, quantos CCs tem no gabinete de cada um dos 33 Vereadores. Porque estou lembrado dos debates de que participei e que se falava que haveria equanimidade, que haveria seriedade no trato do problema, e estou pensando que essa seriedade não está acontecendo, e até, estou falando com a tranqüilidade de quem não preencheu as vagas do seu gabinete, ainda tem uma lá. Eu gostaria de saber de todos, sem exceção, porque uma das coisas que presidiam os debates da composição da Mesa é que todos seriam iguais perante a Mesa; todos teriam a mesma quantidade de assessores. Não quero ver ninguém com mais ou com menos. Essa resposta espero receber da Mesa Diretora amanhã.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Dib, pergunto a V. Exa. se, como V. Exa. já havia dito, encaminhou à consideração do Poder Judiciário a ação judicial com relação às posses dos Vers. Lauro Hagemann e Cyro Martini, se V. Exa. já solicitou alguma medida liminar e se a conseguiu ou não.

 

O SR. JOÃO DIB: Não. Ingressarei amanhã com uma ação popular, com pedido de liminar, visando à desconstituição das duas nomeações. Meu advogado é o Dr. Gabriel Tedesco Wedy. A ação está pronta, mas ainda falta a coleta de alguns documentos, como meu título de eleitor e dos outros Vereadores que comigo entram na ação.

Mas essa é uma ação popular; é diferente. O que eu quero é a Mesa da Câmara, que representa um Parlamento de uma tradição extraordinária neste País... Em 1976, este Vereador foi impedido de continuar sendo Diretor do DMAE, como também foram impedidos os Vers. Reginaldo Pujol e João Mano José, por ação da Mesa da Casa - especificamente assinada pelo Presidente José Cesar de Mesquita. Como não mudou nada na Constituição nem na jurisprudência que eu trouxe e li, aqui, ontem, quero que a Casa, com a designação, com a honra, com seriedade, com a responsabilidade e com a competência que tem, decida. Esse é outro problema. Mas, que o Ver. Henrique Fontana não é Secretário de Saúde, não fui eu quem disse; foi o Prefeito Raul Jorge Andrada Pont. Este disse que o Dr. Fontana não é o Secretário. O Secretário é o Dr. Motta até amanhã. Depois de amanhã, o Dr. Motta deixa de ser Secretário e o Dr. Fontana passa a sê-lo. Isso é uma irregularidade porque a Lei Orgânica é clara e compete à Mesa fiscalizar a Lei Orgânica. A Lei Orgânica diz que não perde o mandato o Vereador que assumir secretaria. Eu não vou culpar o Ver. Henrique Fontana, tenho por ele o mais profundo respeito e carinho pela sua competência, pela sua seriedade e pela sua contração ao trabalho.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A meu juízo, Ver. João Antônio Dib, V. Exa. que tão bem conhece o Regimento, a Lei Orgânica está procurando colocar "chifres em cabeça de cavalo". Acho que V. Exa., nessa ação que vai interpor, vai ter,  é a minha opinião, vai ter uma grande derrota e vai ter outra nessa questão que levanta, através dos jornais, e que, agora, coloca, aqui, na tribuna. É a minha opinião, salvo melhor juízo.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu acho que V. Exa. está equivocado e o Ver. Adeli Sell também, que propôs o aparte. Eu disse que eu quero, pela tradição, pela honestidade, pela honra que tem esta Casa, que a Mesa se manifeste. Eu não disse nada. Agora, eu sei ler a Lei Orgânica! A Lei Orgânica diz: "Não perde o mandato - no art. 68 - o Vereador que assume secretaria." O Ver. Henrique Fontana, a quem eu dizia que tenho apreço, respeito pela competência , seriedade e contração ao trabalho, não assumiu a secretaria e não é culpa dele! É culpa do Prefeito e de sua péssima assessoria. Eu cansei de dizer, na administração passada, que eu assessoraria gratuitamente o Prefeito. A Procuradoria do Município me mandou, através de um dos seus Procuradores, uma carta extremamente desaforada que eu respondi com a educação que merece a resposta a um Procurador do Município e várias cartas foram trocadas até que as coisas se restabeleceram. E recebi a Associação dos Procuradores também. O Procurador do Prefeito, o Assessor Jurídico do Prefeito, o Secretário do Governo do Prefeito tinham que saber que não podiam fazer isso aí. Eu não sabia, só li no Diário Oficial.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. tem que saber que, no Direito, não existe só interpretação literal. V. Exa. tem que saber que existe interpretação de debates sistemáticos.

 

O SR. JOÃO DIB: Mas, a interpretação se faz quando há dúvidas, quando há dúvida! Eu acho que precisa interpretar, por isso até que eu estou em dúvida. Ontem eu dizia que não sou o dono da verdade, mas eu quero a verdade. Que diferença tem a verdade da Câmara com a verdade do Ver. João Dib? Agora, a minha verdade me diz que os dois Vereadores não têm razão. Eu não os culpo, culpo a Câmara, mas também a Câmara não pode saber do Ato que o Prefeito só foi publicar no dia 24 de Janeiro. Até então, fomos todos convidados para a posse do Ver. Henrique Fontana, muitos Vereadores foram, lastimei não poder ir, comuniquei-me, através de ofício, dizendo que não poderia ir, lastimei, porque desejo a ele todo o sucesso; agora, ele não é o Secretário. O Secretário até amanhã é o Dr. Motta, a partir do dia 1º de fevereiro, o Secretário será o Ver. Henrique Fontana, isso não tem dúvidas, não escrevi nada disso, eu só li, a Lei Orgânica é clara. Quero a interpretação da Mesa da Câmara.

Há muitas coisas que não entendo nesta Cidade. Uma delas é o arroio Dilúvio, completamente assoreado e sem nenhuma esperança de que seja resolvido. Vou fazer uma visita ao Vicente Rauber, considero-o competente, que conhece bem os problemas do DEP. Aquela draguinha que chamo de “droguinha”, instalada no riacho não vai nunca limpar o Arroio. O Arroio foi retificado, arrumado, para que a Cidade pudesse respirar com mais tranqüilidade, a partir da Administração Loureiro da Silva e continuada por outros Prefeitos e, há 8 anos, está abandonado pelo PT. Encerro o meu pronunciamento, Sr. Presidente, e voltarei oportunamente para falar do problema da Ceará, da Vasco da Gama e outras ruas que precisam de um pouco de cuidado nosso. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passo a palavra ao Ver. Guilherme Barbosa, pelo tempo regimental de 10 minutos em Comunicações.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ontem, após a minha fala, esteve em debate, através de muitos Vereadores, a questão da propaganda que a Prefeitura está fazendo incentivando a população a pagar o IPTU, de preferência numa única parcela até amanhã, dia 31. O que, aliás, tem sido muito aceito nos outros anos pela população de Porto Alegre. Provavelmente este ano cresça ainda mais o percentual daqueles que quitam de uma só vez, além do que é um forte incentivo, um abatimento de 20%, quando se tem um índice inflacionário mais baixo, seja ou não verdadeiro, mas com certeza mais baixo do que já tivemos anteriormente.

 Dizia-se que aquela senhora que se apresenta deveria estar vendo outra cidade e não Porto Alegre. Foi dito aqui, o material está distribuído pela imprensa. De fato, a Cidade é Porto Alegre. Todos concordam que o mercado está bonito, é uma boa obra e se questionava mais o aspecto da habitação e o aspecto da questão da saúde. Mas a Cidade é Porto Alegre. Aquelas casas que aparecem na propaganda é o loteamento Cavalhada, que é para onde foram aquelas pessoas que moravam na Vila Cai-Cai, hoje um bonito recanto da Cidade, à beira do Rio Guaíba e, um pouco mais adiante, pessoas que moravam na Vila Campos do Cristal, encostados ao muro, quase caindo no Sanga da Morte. Foram poucas as moradias construídas na primeira e na segunda administração popular. Eu direi que sim. Eu já tenho dito isso, que foram poucas as moradias. Nós precisávamos ter construído muito mais moradias. Mas também é preciso dizer, é absoluta verdade que Porto Alegre tem construído muito mais moradias que outros municípios, inclusive do mesmo porte de Porto Alegre, pelo Brasil afora e que o governo do Estado, neste momento, é um completo omisso na questão da moradia popular. Ele matou a COHAB, não estabeleceu nada no seu lugar, e não tem política nenhuma para a habitação. Não é muito diferente o governo federal, no que diz respeito à habitação popular.

De vez em quando, lemos que nova linha de financiamento será colocada, mas quase sempre linha de financiamento para a classe média, na melhor das hipóteses para a classe média-baixa, mas nunca para a moradia popular. Então, se fizemos pouco, e é verdade, eu aceito que fizemos pouco, mas fizemos muito mais do que os outros em nível de governo, porque é preciso fazer mais, precisamos ter mais recursos para fazer. E a questão da saúde? Há pouco debatia o assunto o Ver. Juarez Pinheiro. O argumento inicial do governo federal e do governo estadual, no processo de privatização de empresas no País, era para que o estado se ativesse apenas a assuntos que são, segundo os neoliberais, do seu interesse, do seu objetivo e nada mais que isso. E quais eram esses objetivos, Ver. Cyro Martini? A segurança, a saúde, às vezes, eles falavam em educação. Mas a saúde já não é mais. Basta ver o caos completo na saúde do País e agora com esse invento novo do novo instituto legal das organizações sociais, que é nova no Direito Administrativo, não existe esta figura, mas está sendo criada exatamente para que o governo federal, mais uma vez, se omita e lave as mãos na questão da saúde. E em Porto Alegre? Num processo lento, sim, mas exatamente para que fosse um processo responsável, nós municipalizamos a saúde em Porto Alegre, em agosto do ano passado. Já vinha num processo, são três fases da municipalização, assumimos a última e a mais ampla, chamada semiplena. A partir daí, vai-se paulatinamente melhorar, com certeza, a saúde em Porto Alegre. Mas, antes mesmo desse processo de municipalização, a Secretaria da Saúde já estava implementando um programa chamado de Programa de Saúde da Família, que é exatamente aquilo que aparece na propaganda. São pequenos postos, encravados nas comunidades mais carentes, mais pobres, onde uma equipe de saúde, um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde da própria comunidade fazem parte dessa equipe. Essa equipe, numa área territorial definida, um número de pessoas definido, atende oito horas por dia, garantidamente, indo nas casas das pessoas quando essas não podem se deslocar até o posto. É o Programa de Saúde da Família, em convênio com o Governo Federal. Pelo menos, nesse aspecto, o Governo Federal tem tido acertos, embora se omita nas grandes questões da saúde. Esse programa não é invenção nossa; é semelhante ao modelo cubano de atendimento à saúde. Mesmo aqueles que são contra Fidel Castro e seu governo reconhecem que há, em Cuba, um grande avanço na questão da saúde. Portanto, aqui, em Porto Alegre, está sendo implementado esse programa, e já são 25 os postos. De acordo com o planejamento, deveremos chegar a 100 postos dentro do Programa de Saúde da Família, encravados nas regiões mais pobres da Cidade. Todo o mundo sabe, não só eu, que 70 a 80% dos problemas de saúde que chegam aos hospitais poderiam ser resolvidos num nível primário de atendimento à saúde. Problemas como diarréia, gripe e outros podem ser resolvidos nesses locais, barateando tremendamente o atendimento à saúde.

A publicidade que incentiva o pagamento do IPTU em Porto Alegre mostra cenas da própria Porto Alegre. A Dona Geni, que passeia em ônibus, passeia em ônibus de uma frota, não sei se a mais nova, mas das mais novas do País, de um sistema de transporte de cuja qualidade não se tem queixa. Precisamos melhorá-lo, mas não há queixas sobre ele. Ninguém ouve queixas na Cidade sobre a qualidade do transporte coletivo hoje existente. Esse foi um trabalho nosso desde a primeira Administração Popular. Temos, ainda, muito que fazer. Por exemplo: a questão do trânsito, para mim, só se resolverá quando a lógica mudar, deixar de ser a partir do veículo particular e passar a ser centrada no transporte coletivo - ônibus, lotações. Há, agora, uma proposta interessante da própria ATP, que deve ser discutida e aprofundada, que é um sistema intermediário entre o ônibus de 45 lugares e a lotação. Há ainda que descentralizar a Cidade, e evitar esta ampliação do transporte individual. Há uma estatística que cada veículo transporta 1,2 ocupantes. Isto, do ponto de vista da utilização de energia, é um absurdo; deslocarmos 700 Kg para transportar 70 Kg do ponto de vista energético em qualquer lugar do mundo, principalmente num País pobre como o nosso. Então, a propaganda do IPTU, sim, é verdadeira, é Porto Alegre.

Não se quer dizer, e nunca se disse, que todos os problemas estejam resolvidos. Temos ainda muitos problemas a resolver e a melhorar. Mas, a propaganda é absolutamente verdadeira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Com a palavra o Ver. Gerson Almeida, ausente Ver. Fernando Záchia. Ausente. Ver. Eliseu Sabino. Ausente. Ver. Clovis Ilgenfritz. Ausente. Vereadora Anamaria Negroni. Ausente. Ver. Carlos Aguiar. Desiste.

Com a palavra o Ver. Adeli Sell, por 10 minutos em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Junto-me àqueles Vereadores que têm preocupação em discutir problemas da nossa Cidade, mas eu também nunca fujo do debate nacional e estadual, como fiz, ontem, na discussão do problema da CEEE que atinge a todos porto-alegrenses.

Quero levantar algumas questões de Porto Alegre, acho que terei o apoio de todas as bancadas, porque têm questões que são de interesse coletivo, e, aqui, têm Vereadores com esses compromissos.

Ontem fiz uma visita a uma daquelas famosas obras do Governo de Fernando Collor de Mello. No parque Santa Anita, deparei-me com uma construção caríssima, praticamente abandonada. Felizmente, na parte do prédio que se destina ao Posto de Saúde, foi feito um convênio do Governo do Estado, que é responsável por esses prédios com a Prefeitura de Porto Alegre. Esse posto de saúde está funcionando plenamente, verifiquei com as pessoas que ali estavam que elas estavam satisfeitas com o tipo de atendimento. Mas fiquei perplexo, preocupadíssimo, porque o ginásio de esportes continua fechado, e farei uma sugestão hoje, para que a Secretária Rejane Pena Rodrigues procure o Governo do Estado, na Secretaria responsável, para que juntos utilizem aquele local para esportes e recreação de toda uma comunidade em volta. Fiquei mais perplexo, porque tem toda uma parte do prédio destinada à creche, e fiquei mais preocupado ainda, quando soube que a Direção da Escola procurou o Governo do Estado e sugeriu que se fizesse uma parceria com a Prefeitura, que tem necessidade de atender as crianças muito pobres ali da Vila Santa Anita e região, e eu soube que um funcionário da Secretaria teria dito que não seria bom fazer isso em setembro ou outubro, porque haveria eleições e isso favoreceria o PT. Penso, e espero, que isso seja  exceção de um funcionário público, que não tem que se imiscuir em questões político-partidárias e tem que cumprir pedidos e encaminhar soluções. Vou, da mesma forma, acionar a Secretaria Municipal de Educação e a FESC para que busquem, imediatamente, uma parceria ou um convênio com o Governo do Estado, porque a instalação está impecável, cuidada por professores do Colégio Piauí, que é um colégio que utiliza parte desse prédio para o ensino de 1º grau, até a 4ª série, apesar de haver uma demanda muito grande para outras séries. É um problema local de Porto Alegre, e, como vimos, é um problema político, porque temos, neste País, infelizmente, dificuldades de fazer discussões, acordos e convênios entre as esferas municipal, estadual e federal por interesse político-partidários. Farei um movimento muito forte para que a nossa Prefeitura e Secretarias não se dobrem diante dessa questão, porque as comunidades necessitam e têm um prédio praticamente abandonado, ainda novo, bonito, e vi o Vice-Diretor pintando e arrumando o próprio prédio. Há a vontade dos professores, categoria a que pertenço, que me engrandece sempre pela dedicação que esta categoria profissional tem mostrado na história do nosso País, e mais recentemente, aqui, no Rio Grande do Sul. Portanto, coloco essa questão aos Srs. Vereadores, vou inclusive, procurar nosso colega Luís Fernando Záchia, para que, junto ao seu governo, também faça gestões neste sentido.

Eu tenho, aqui, nesta tribuna, me manifestado com preocupações a respeito do desemprego no Brasil, no Estado, inclusive, na nossa Cidade; o desemprego no Brasil cresceu 5,24%, no último ano, mas na Argentina foi muito mais: 17,3%. E qual o modelo econômico que estamos seguindo no Brasil? Estamos seguindo os passos de Carlos Menen, na Argentina, e é o meu temor, e acredito que seja o temor dos brasileiros. Os jornais de hoje, daqui, mostram que muitos dos nossos gabinetes, aqui, na Câmara, na Assembléia Legislativa são todos os dias procurados por pessoas desesperadas, pais de famílias, mães de famílias em busca de emprego. Eu vou me debater em Porto Alegre por projetos de desenvolvimento econômico e social que respondam a essas questões.

 Um deles, eu volto a insistir, é o turismo, e quero aqui comunicar a minha participação com alguns Vereadores; o Ver. Garcia, o Ver. Clovis no lançamento do mapa turístico de Porto Alegre; e se os senhores Vereadores ainda não receberam da EPATUR, por favor nos digam que cobrarei da EPATUR, o envio deste mapa turístico a todos os Vereadores para que juntos possamos divulgar mais e melhor Porto Alegre, porque é a indústria que mais cresce no mundo, e que mais emprega: de cada cem empregos temos 11 na área do turismo. E quero que Porto Alegre não seja apenas a quinta cidade do Brasil que recebe pessoas que vêm fora, mas que fiquem mais tempo em Porto Alegre, para apreciar as nossas belezas, e a busca incessante - Ver. Guilherme Barbosa conhece bem as área - do tratamento do esgoto como estamos fazendo, agora, na região de Ipanema, Ponta Grossa. E nós pretendemos que, muito em breve, Porto Alegre tenha mais praias balneárias para que mais visitantes apareçam, e que tenhamos mais emprego em nossa Cidade através do turismo. Nosso governo e nossa Bancada têm sido sistematicamente cobradas sobre a propaganda e os gastos que fizermos na Administração Popular de Porto Alegre. O Ver. Guilherme Barbosa já deu algumas explicações em nome da nossa Bancada. Comecei a folhear o jornal de hoje e vejo que o Governo do Estado gasta muito em propaganda, muito mesmo, e em algumas propagandas sem utilidade. Fazer propaganda para dizer que no Banrisul, como mostra nas folhas do jornal de hoje, quem deixa o dinheiro por três meses está levando vantagem porque não paga CPMF, não é uma propaganda necessária, porque ela busca que haja uma retribuição do usuário do banco para mais trabalho para o banco, absolutamente, qualquer pessoa que tem conta bancária sabe disso, está bem informada. Nós precisamos em Porto Alegre propaganda para que as pessoas paguem até amanhã o IPTU com desconto. São coisas completamente diferentes, quero discutir isso, o caráter das propagandas. A propaganda do Banrisul é desnecessária, propaganda da CEEE, Corsan, CRT, no geral, são desnecessárias. Reconheço que algumas propagandas são necessárias, como a propaganda de verão, que está sendo feita pelo Governo do Estado, quando fala na poupança de energia, ela é correta porque é educativa. No geral as propagandas do Estado são desnecessárias e eu quero discutir o caráter dessas propagandas.

Gostaria de fazer um registro sobre um grande brasileiro, chamado Antonio Callado que morreu nesta semana ao completar 80 anos. Sugiro a Secretaria Municipal de Cultura que faça um grande evento, um seminário nesta Cidade para lembrar a obra do autor do memorável "Quarup". Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Nos jornais de hoje eu li uma notícia que diz respeito a blitz policial. Ontem, à noite, das 20h às 24h, a Brigada Militar realizou batidas no Campo da Tuca, na Vila Vargas e no Morro da Cruz, um procedimento, até certo modo normal. Entretanto, esse tipo de procedimento policial me chama a atenção, especialmente pela maneira como foi desenvolvido no passado. Talvez o desenvolvimento da operação, ontem à noite, pelas informações que eu obtive, diferente daquele modo proceder de outros tempos, em que se verificava justamente um atropelo que, em vez de encontrar, de localizar, de identificar marginais, acabava, contrariamente, atingindo, agredindo as famílias e os trabalhadores. Em minha atividade profissional, sempre fui contra esse tipo de procedimento, sempre o condenei. Não é admissível que, a pretexto de se desenvolver o trabalho policial, cometa-se arbitrariedades com o trabalhador. Com relação a esse fato de ontem, as primeiras informações que recebi eram no sentido de que elas foram desenvolvidas com critério, com cuidado, mas nós temos que fazer esse registro para dizer que estamos atentos, porque esse procedimento não pode sair fora dos limites, fazendo com que sejam atingidas a dignidade do trabalhador e das famílias, porque, evidentemente, os malfeitores e os marginais não ficam esperando que a polícia chegue, não ficam tomando uma caipirinha, um refrigerante, etc., esperando que a polícia chegue para revistá-lo. É óbvio que isso não acontece. O que acontece, em via de regra, o que está aqui na notícia: o máximo que o policiamento conseguiu foi a detenção de um menor por porte de drogas. Apenas um menor! E todo um aparato caríssimo! Nós temos que verificar se a metodologia, se a maneira proceder está correta. Eu sempre disse que, para mim, essa não é a melhor maneira e nem é a mais indicada. Entretanto, repito, há moradores dessas vilas populares, citadas por mim, que entenderam positiva a ação policial, no sentido de espantar, de amedrontar dessa forma os marginais. É verdade que isso acontece, como em outros tempos também ocorria, com relação a outros procedimentos policiais, isso limpa a área; dentro de uma determinada área espantam os delinqüentes, mas eles vão se estabelecer em outro ponto. A maneira de proceder indicada, não por mim, mas pela técnica policial, é a que diz respeito aos procedimentos de investigação. A metodologia de investigação é a que deve ser aplicada. Não há por que promover todo um aparato com cães, com viaturas, com armas, o que se faz necessário é que o Governo proceda à ação policial dentro do sistema de investigação de modo discreto, de maneira a identificar os delinqüentes, e poder depois saber onde estão e buscá-los. Mas não o operário, não o trabalhador. Felizmente não ocorreu o que se verificava em outros tempos: na hora em que o operário vem chegando do trabalho em sua casa, ele ser submetido a uma revista na qual é encostado na parede e agredido moralmente. Felizmente isso não aconteceu, embora todo esse aparato não deixa de ser agressivo. Não houve problema de derrubar a porta? Ótimo. Assim vamos melhorando o nosso procedimento e estaremos sempre, aqui, atentos nesse sentido, e não só no Partenon, nas vilas populares, no Campo da Tuca, não só com relação à Vila Vargas ou ao Morro da Cruz, mas a toda e qualquer vila ou bairro popular de Porto Alegre. Se houver algum excesso, alguma arbitrariedade, vamos denunciar desta tribuna. Se queremos segurança, queremos que ela seja feita com metodologia adequada. A ação policial equivalente a uma ação militar não é o melhor procedimento. Felizmente hoje fica cada vez claro na cabeça das pessoas que se metem a autoridade no campo da segurança, na qualidade de secretário, que uma operação policial não é uma operação militar. Não temos do outro lado nem  inimigo nem campo a conquistar; seria ação militar se assim procedêssemos. Felizmente isso está cada vez mais claro na cabeça de pessoas que não entendem absolutamente nada de segurança pública e assumem posições de mando lá dentro. Mas, aos poucos, enxergam que uma operação militar tem suas características peculiares, enquanto que a ação policial é completamente diferente.

Quando o policiamento diz que as batidas foram nas vilas mencionadas por mim, porque lá se concentra a criminalidade, acho que aí há equívoco. Até pode, há crime nos bairros populares, todavia, dizer que a concentração do crime está na vila popular, acho que a estatística não vai respaldar isso. E não é por aí que a ação policial deve se desenvolver. Mas teimo em dizer que a estratégica para se identificar os marginais, os toxicômanos, os traficantes ou seja lá que tipo de delinqüente for, a maneira correta não é a ação ostensiva, não é o policiamento uniformizado. A maneira indicada é aquela à qual, no passado, se procedia; é a maneira desenvolvida pela investigação, que vai identificar e localizar o delinqüente, evitando assim que o operário e a família sejam atingidos de modo irresponsável na sua dignidade.

Então, nós, de um lado, parabenizamos a Brigada pela maneira como desenvolveu criteriosamente as diligências naquelas vilas do Partenon que mencionei. Entretanto, registro a minha preocupação de que esse não é o tipo de procedimento policial adequado. O adequado é o discreto, o da investigação. Por isso, estaremos sempre atentos.. Se houver qualquer excesso ou abuso, vamos denunciar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não era a minha intenção voltar à tribuna, no dia de hoje, para abordar um assunto sobre o qual me manifestei ontem. Mas como fui honrado pelos ilustres representantes do Partido dos Trabalhadores com considerações acerca do meu pronunciamento, devo, com toda a razão e até numa homenagem a eles, retomar o assunto. Enfatizo o pronunciamento que ontem fiz a respeito do que considero uma propaganda equivocada e, sobre determinado aspecto, até enganosa a respeito das vantagens de o contribuinte pagar o Imposto Territorial Urbano, numa única parcela, com a dedução de 20%. Uma vantagem inequívoca neste País do Real, onde 20% passa a ser uma soma considerável de lembrarmos que a inflação não atingiu os 10%, ou seja, estão oferecendo um desconto de mais do que o dobro da inflação anual para quem pagar numa única parcela.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Perguntaria ao nobre Ver. Reginaldo Pujol o que o Vereador acha desse tipo de propaganda do BANRISUL feita nos jornais de hoje.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Prossigo, Sr. Presidente, até auxiliado pelo Ver. Adeli que flagra, na propaganda do BANRISUL e de outro organismo do Estado, excessos, equívocos que ele aponta da tribuna numa justificativa da propaganda enganosa feita pelo Município. Quero dizer ao Ver. Adeli, com a maior tranqüilidade, que não fujo de debater eventuais atos do Governo do Estado que venham a ser acoimados de equivocados, de irregulares, porque faz parte do contexto da discussão. Mas não vou, evidentemente, em função desse aparte inteligente do Ver. Adeli, fugir do objetivo do meu pronunciamento que é reafirmar, Sr. Presidente, que a propaganda feita pelo Governo do Município, farta, em determinadas emissoras de rádio - eu ouço muito mais rádio do que televisão, até porque consigo ouvir rádio no meu carro e televisão não tenho essa condição. Em determinadas emissoras, numa meia hora de programação, se tem três vezes a inserção dessa propaganda que é caríssima. E o que diz essa propaganda, além de não discutir o aspecto se tem ou não que haver propaganda para estimular o pagamento do IPTU numa única parcela? E eu digo que a propaganda feita nesse sentido, a publicidade feita nesse sentido é equivocada e se destina muito mais a fazer uma ladainha a respeito das excelências de uma Administração, na ótica da dona Geni Machado - tudo é com a Geni, não vou jogar pedra na Geni, porque a Geni é um instrumento, disseram-lhe o que ela deveria fazer, disseram-lhe que ela anda de ônibus. Ela não anda de ônibus, a dona Geni, ela deve ter sido colocada em algum carro oficial para ver essa maravilha sobre a qual ela tem se manifestado. Aí vem o Ver. Guilherme Barbosa, que é um combatente da melhor qualidade, e diz: " - Não, aquela cidade que ela viu é Porto Alegre! Ela viu o loteamento da Cavalhada." Esse loteamento da Cavalhada faz três ou quatro anos que se fala a respeito disso. É tudo isso que a Administração do Município tem apresentar em termos de habitação popular? Se é tudo isso, não justificaria nós pagarmos o IPTU, Ver. Barbosa, porque faz três ou quatro anos que se fala nesse loteamento da Cavalhada e é tudo o que tem a ser apresentado.

Diz o Ver. Barbosa que os médicos estão começando a visitar as pessoas em casa, num convênio com o Governo Federal. Isso é uma decorrência do SUS. Então, não é o recurso do pagamento do IPTU que está pagando esses médicos! O Município não quis botar dinheiro na Saúde! Eu quis, durante o debate do Código Municipal da Saúde, comprometer o Município com recursos para a Saúde para não ficar nessa situação muito tranqüila de pagar os cento e setenta milhões de reais que a União lhe repassa e, depois, vir fazer propaganda na televisão cumprimentando com o chapéu alheio.

De outro lado, além da explicação sobre a habitação, que foi muito frágil, sobre a Saúde que foi dessa ordem, se faz um discurso que é uma apologia à Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre. Todos os ônibus novos de Porto Alegre, porque ela anda nos ônibus do Guerreiro, ela anda nos ônibus da ATP, são bonitinhos, são novos!

A maior "mea culpa" que o PT faz nesta Cidade - o PT que disse que ia encampar todas as empresas de ônibus, que fez toda aquela barafunda de tomar conta das linhas, que quebrou a cara na tentativa de colocar os seus pontos de vista - é a coragem de mudar de posição e, neste particular, eu bato palmas. Daquele início alucinante, após ter intervindo nas empresas de ônibus, acabou ficando na sua, deixou os caras que entendem ir tocando as coisas e aí, depois, elogia. Realmente, o sistema de ônibus tocado pelas empresas privadas, aqui em Porto Alegre, com a pequena participação da Carris; vai muito bem, obrigado. Mas não se paga o ônibus novo com dinheiro do IPTU, então tudo isso é enganoso, Ver. João Dib.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pujol, esse loteamento da Cavalhada é aquele da propaganda mentirosa que iniciou o "Cidade Viva", porque o Prefeito anunciava que foram 37ha gratuitamente recebidos da Mitra. Não, eles foram pagos: 5% dos terrenos e mais algumas coisas que a Câmara não tomou conhecimento, a não ser com uma conversa com o hoje Ver. Corbellini.

Outra coisa, hoje, pela manhã eu ouvi o Vice-Prefeito Fortunati muito irritado porque aqueles reclames da  reeleição custavam, por 30 segundos, no horário das novelas, noventa mil reais. A dona Geni, viajando sozinha em um ônibus, também patrocinava noventa mil reais a cada 30 segundos da Prefeitura do PT.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Quero dizer que em habitação popular, se critica a ausência do Governo Federal nesses projetos. Ora, isso é a maior injustiça que se faz! Toda programação, que considero pequena, da municipalidade, em termos de habitação popular, é com recursos obtidos de programas do Governo Federal. Ora, nós discutimos isso no Orçamento, no ano passado, Ver. Guilherme Barbosa, o Pró-Moradia, nós aprovamos 4 ou 5 empréstimos nesse particular e no ano da habitação, proclamado no Município de Porto Alegre, de dinheiro do Município, desse dinheiro que recolheu do IPTU, de outros tributos, não tem um mil réis, um pila para ser aplicado em habitação popular. As aplicações são todas recursos transferidos pelos organismos federais que cuidam desse segmento.

Então reafirmo tudo o que disse: que essa propaganda é enganosa, essa propaganda tinha que ser enviada para o PRONAR para responsabilizar quem o fez.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, embora o programa da saúde, de fato, seja convênio, o próprio diz, com o Governo Federal, de onde o Senhor acha que veio os remédios e tudo mais, o trabalho na estrutura física dos postos? Durante 4 anos eu estive na COSMAM e posso até pedir o testemunho do Ver. Pedro Américo Leal, depois. Durante 4 anos nós não tivemos uma comunidade reclamando dos postos do Município, tal a qualidade dos serviços. Nós aumentamos em 7 vezes o número de atendimentos nos postos municipais. Se aplica 13% dos recursos do Município em saúde, Ver. Pujol, não há outro índice nessa altura. E, com relação à questão da habitação, nós estamos falando em financiamento,  Ver. Pujol, o Município vai pagar todo esse dinheiro, tostão por tostão. O Governo Federal não está fazendo doação nenhuma. É financiamento e por isso nós podemos empregar, porque tem saúde financeira. Obrigado pelo aparte.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu vou concluir, Sr. Presidente, dizendo que o Município não vai pagar coisa nenhuma para o Governo Federal. Esses financiamentos são repassados, todos, para os mutuários finais. Quem paga é o povo, em última análise, é o povo que paga, sim senhor. Os financiamentos concedidos pelo Governo Federal e vários outros programas são amortizados pelos mutuários finais ao longo de 20, 25 anos, e a municipalidade acaba não tendo que retirar do seu erário, do IPTU, da Dona Geni, absolutamente nada. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em tempo de Liderança, o Ver. João Dib, do Partido Progressista Brasileiro.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Gostei do debate travado agora e vou aproveitar para pedir, já que está sobrando remédios, que forneçam aos servidores municipais que não têm remédios. Eles são atendidos e as farmácias foram sendo fechadas e não há remédios para os servidores municipais, isso é muito sério. E também, por falar em Caixa Econômica Federal, quero lembrar que reiteradas vezes, aqui, disse que a Prefeitura do Dr. Tarso fez um bom negócio para construtora Guerino, para a Caixa Econômica Federal e para alguém mais. Como dizia o Ver. Pujol, quem paga mesmo o empréstimo é o munícipe, que é aquele que comprou e pagou os juros, ele não comprou o prédio, ele comprou os juros, eu nunca tinha visto isso. O partido que deve defender os trabalhadores tomando dinheiro dos trabalhadores e tornando inviável a vida naqueles prédios do Jardim Leopoldina, muita gente ganhou dinheiro lá.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia 1º de janeiro o jornal "Zero Hora" trazia no atendimento ao leitor: "O Rio Grande reclama, e motorista quer feira livre fora da Pereira Franco". A Ceará e a Pereira Franco são partes da III Perimetral, construída na minha administração, é o binômio completo: Ceará-Pereira Franco e Edu Chaves-Souza Reis, foram construídas na minha administração, é a parte pronta da III Perimetral. A outra que fiz foi o alargamento da Carlos Gomes, mas está faltando muito coisa. Aí ele reclama: "Como o dinheiro do povo faz uma Perimetral e depois vem a colocação de uma feira livre?" E não é a Secretaria Municipal de Transportes, quem tem que responder, mas respondeu sim, o supervisor de abastecimento da SMIC. Diz que é uma feira modelo a da Rua Pereira Franco. "Nesse local são comercializadas cerca de mil toneladas por mês de frutas, verduras, frios e embutidos, entre outros alimentos. Os preços são 15% a 20% mais baratos do que a média dos supermercados pesquisados pela prefeitura." Eu pensei que o reclamante reclamava trânsito e não feira. Ele queria que a feira fosse retirada de uma área que o povo de Porto Alegre pagou muito caro por ela, para que ela iniciasse a III Perimetral, e se coloca uma feira, à semelhança do que está colocada na Vasco da Gama, sem nenhuma sinalização. Eu, reiteradas vezes, esquecia-me e o meu carro entrava, via centro, pela Vasco da Gama, eu morava na Goethe, e de repente dava de cara com uma feira, e não tinha nada avisando. Aí, a circulação que tinha que fazer para chegar ao ponto que eu queria, era brincadeira. Aqui, o munícipe reclama. Ainda diz, não é a Secretaria de Transportes, é a SEMIC, o Sr. Carlos Mário Guedes, "nos dias de seu funcionamento, existe isolamento da quadra utilizada pelos feirantes, demarcada com cavaletes, o que possibilita o desvio pelas ruas Madri, Ceará e Arabutã, retornando à Avenida Pereira Franco". Mas a Secretaria Municipal dos Transportes deveria dizer porque são utilizadas a Ceará, a Madri e a Arabutã, ao invés da Ceará-Pereira Franco, que foram construídas para dar vazão, para dar fluxo ao trânsito. Será que esses 20% que apregoa a Prefeitura, eu não acredito, e essas mil toneladas dão o custo-benefício maior do que o custo-benefício deveria ser dado pela Perimetral? Acho que não. Então, não tem sentido. É a mesma coisa fazer um binário da Vasco da Gama com a Independência e, de repente, um munícipe que não está acostumado encontra uma feira pela sua frente, aí ele tem que subir, ir na Independência, aí tem que voltar. É uma confusão homérica. Então, vamos usar o equipamento urbano e de vias públicas de forma correta. Hoje pela manhã, quando eu me dirigia à Câmara vi algumas coisas que não estou acostumado a ver: a Goethe inundada, a Vasco da Gama inundada e a Sarmento Leite inundada. Os bueiros, todos, entupidos. Acho que o DEP, do meu amigo Vicente Rauber tem que dar uma providência imediata.

Eu estou usando o tempo de Liderança até porque sei que isso é anotado, daqui há pouco não teremos  mais oportunidades de falar em Comunicação, em Liderança, e eu sei que a bancada do PT vai levar ao Vicente Rauber e à Secretaria de Transportes essas reclamações. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Não estive na Sessão Extraordinária desta Casa, escuso-me por não estar presente, por ocasião do debate sobre a reeleição. Mas gostaria de dizer que, à exemplo do contexto da oposição brasileira, nós não tivemos a competência de conduzir esse processo de discussão à estratégia de uma oposição competente neste país. Evidentemente, não cabe a nós, Ver. Juarez Pinheiro. Temos uma parcela de responsabilidade nisso, muito embora esse não seja para alguns, muitas vezes, tema - eu até respeito a opinião, vou nominar com propriedade o Ver. João Dib, o Ver. Nedel. Sustento que esta tribuna deve servir, fundamentalmente, para debater os temas da cidade. Eu acho que os temas da cidade estão indissoluvelmente ligados às questões nacionais, tanto numa visão em nível federal, situacionista, oposicionista. Acho que nós deveríamos ter um tempo maior nesta Casa, sobretudo no Grande Expediente, para que, em alguns momentos, tivéssemos um debate sobre a conjuntura nacional. Nisso eu saúdo essa preocupação permanente do meu querido, sempre vereador que aqui se faz presente, Raul Carrion, que nos visita nesta manhã e que sempre no ano que esteve presente aqui, no exercício da representação do seu partido nesta Casa, foi muito firme em relação à análise das questões da conjuntura nacional.

Eu vinha preocupado, de certa maneira "ruminando", no meu retorno a Porto Alegre, vindo de uma zona conflagrada, que é a região da fronteira oeste, indagando sobre o papel das oposições brasileiras e a falta de uma estratégica das oposições. Questionamos isso quando fizemos uma homenagem ao Presidente João Goulart, por ocasião dos 20 anos da sua morte. Quando evocávamos a figura do Presidente João Goulart, falávamos na falta de uma alternativa à política econômica que aí está. Não podemos negar que vivemos outra época. A grande verdade é que, se houve uma descapitalização e a falência da economia primária em nosso Estado, manifesta e que repercute violentamente num estado que tem a sua base nessa economia, de outro lado não podemos negar que os setores assalariados, as pessoas que têm emprego, estão conseguindo, pelo menos, manter aquilo que se chama  consumo de uma cesta básica de subsistência. Essa é, indiscutivelmente, a base que tem dado apoio ao Governo Fernando Henrique.

Li sobre o que já havia pensado: não vamos ser nós os responsáveis por uma situação de impasse na vida institucional do nosso País. Pode-se fazer todas as críticas - e a condução do processo em relação à reeleição, pelo Presidente da República, foi altamente nociva à vida nacional -, mas, de outro lado, não podemos negar que o Presidente Fernando Henrique Cardoso preside um País numa ampla estrutura de vida democrática, de respeito às liberdades democráticas em todos os setores, só comparável aos governos anteriores a 1964, de João Goulart e de Juscelino Kubitchek. Se as esquerdas brasileiras negarem ao Pres. Fernando Henrique o reconhecimento de que vivemos num clima de amplas liberdades democráticas, nós estaremos cometendo o primeiro equívoco, equívoco que nos poderá levar a uma série de outros como esse de não compreender uma estratégia correta de oposição na questão da releeição.

Aplaudo o Deputado Federal do PT, Paulo Delgado, que teve a sensibilidade de perceber - e vem tendo na sua angústia de parlamentar - a falta de competência para a negociação política das oposições no Parlamento brasileiro e no conjunto da vida nacional em relação o Governo Fernando Henrique. Nós temos que ter a competência para saber negociar. Respeito o PT de Porto Alegre que soube, é por isso talvez que esteja na sua terceira Administração, pois teve a sensibilidade e a competência, de conviver democraticamente e, aqui, dentro dessa Casa negociar. E tanto é verdade que todos os seus projetos, praticamente, todos conseguiram aprovação nessa Casa, sobretudo na Administração do Prefeito Tarso Genro, que não tinha maioria, tinha 11 vereadores.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.): Queremos homenagear a decisão do PDT, inicialmente, de tomar uma posição drástica em relação ao Governador e alguns Deputados que, votando contra a orientação partidária, apoiaram a emenda constitucional da releeição. Quero parabenizá-los neste sentido, porque acho que um partido tem que ter conceitos, principalmente, e o PDT, ao longo do tempo, tem demonstrado isto, e o fez mais uma vez.

Mas, não podemos concordar com V. Exa. em algumas questões colocadas que até nos surpreendem, quando elogia um período de democracia vivido no Governo Fernando Henrique Cardoso, entendemos que um Governo legisla sob medidas provisórias, um Governo que rasga a Constituição, que passa por cima da legalidade não é um Governo democrático.

 

O SR. ISAAC AINHORN: A grande verdade é que a Grande Constituinte que criou uma carta de vanguarda foi responsável pela criação dessa excrescência jurídica, pior que o Decreto-Lei.

Tenho uma dúvida, sou um homem que tem uma história dentro da Cidade, do Estado, na luta das esquerdas brasileiras no Estado, na minha Cidade, digo com toda a modéstia. Mas, de vez em quando sou tomado pelas dúvidas: quem é mais competente neste processo de lidar com os companheiros, o PT ou o PDT? Faço esta confissão publicamente. Porque o PT tem digerido tudo. O PDT expulsa, é centralizador. O PT, quando a Erundina resolveu ser Ministra e não perguntou para o PT. O Francisco Wefford é Ministro. Canso de ver Deputados do PT estarem articulados com o Governo, o PT convive com essas situações e o PDT tem sido mais rígido com relação à questão programática. O foi em relação aos Deputados do Paraná, por descumprimento da linha  programática do Partido, e agora, recentemente, com relação à releeição, e que nos custa um preço muito grande com a redução considerável da Bancada.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que o Partido pagou um preço muito alto, quando fez uma aliança com a direita no caso do Marchezan.

 

O SR. ISAAC AINHORN: V. Exa. tem razão, e aquele preço representou o crescimento, naquele momento, do PT. Muitos companheiros nossos saíram do PDT e não compreenderam o papel que isso representaria ao Rio Grande naquele momento. Veja como é complicada a análise da conjuntura e a compreensão desse quadro, porque nós não podemos negar a disposição de desburocratização do Estado rio-grandense de algumas medidas fortes - e não estou falando na área da comunicação e da energia, do que eu sou radicalmente contrário, mas em outras áreas - e do esforço da Administração atual, do papel de grande homem público, representado pelo Governador Antônio Britto, e acho que as oposições não estão tendo competência na discussão da reeleição. Estão fazendo uma oposição permanente.

Acho que a entrevista do Deputado Paulo Delgado vai dar o que falar, não só dentro do PT, mas em todos os segmentos da esquerda brasileira. Acho que foi uma confissão inteligente, uma reflexão pública e transparente de um Deputado que não quer fazer só oposição por oposição. Quero invocar aqui algumas figuras de grande expressão, e cito um Assessor do Ver. Juarez Pinheiro, meu grande e particular amigo Clênio Argemi - que é mais velho do que eu, e viveu aquele período de 64, eu era estudante secundarista e dirigente estudantil, jovem ainda, mas acompanhei todo o processo - para que não venhamos, agora, repetir erros. O meu receio é de querermos fazer uma posição de confronto com o Governo, levando a uma política de confrontos que não é bom, tanto em nível de Congresso como em nível das relações sociais, da luta da oposição num contexto maior.

Peço tempo de Liderança pelo PDT, e continuo as minhas observações. Faço uma observação e vou citar um exemplo, o movimento dos sem-terra, que tem uma organização, hoje, nacional, e que fazem parte das lutas sociais do povo brasileiro, mas que tem bases e raízes também nos partidos políticos e instituições, como a Igreja, sobretudo e notadamente, no Rio Grande do Sul; na Igreja e no PT, onde eu temo que uma posição, como a que está sendo levada, que possa criar um clima de desestabilização nacional; exemplo disso é a concentração de Santo Antônio das Missões. Esta concentração é algo extremamente perigoso para a vida política do Estado e do País, porque é a apologia da política do confronto. Em 1964, e aí eu invoco o assessor Enio Argemir, a política do confronto sem base, sem uma estrutura. E aí está a esquerda minoritária, está dentro do Parlamento, novamente, sem uma base, sem uma estrutura que leva a uma crise institucional.

Eu espero que a sensibilidade dos dirigentes dos sem-terra não resolva, por exemplo,  cometer a loucura e a estultice de invadir, neste momento, as terras da Coudelaria do Rincão, que é uma área tradicional de exercícios militares na região da fronteira oeste.

Tenho o conhecimento, caso isso venha a acontecer, que já está montada uma operação de guerra, de patrulha cuidando os acessos dessa região, na fronteira oeste, próxima a uma das maiores áreas de treinamento militar e de presença militar naquela região, no Estado que é Coudelaria do Rincão, na cidade de São Borja. Com a ida de mais de 5 mil famílias para lá, criou-se uma verdadeira cidade naquela região.

Este movimento mobiliza, tem o papel importante de abrir os olhos, embora a minha posição é de que cada Prefeitura tem que fazer Reforma Agrária porque as Prefeituras, os líderes políticos locais conhecem quem são os sem-terra e quem são aqueles que vão pegar as terras para vendê-las mais adiante e isso não leva à Reforma Agrária. Por isso sustento que a Reforma Agrária deve ser feita pelas Prefeituras, com cadastramento.

Para não dizer que eu não falo dos problemas locais, gostaria de denunciar um fato grave que está acontecendo, e que será de confronto dentro da Cidade, são as invasões que, infelizmente, estão estimuladas por políticos que estão tentando, em alguns momentos transformar em votos, estou falando da invasão de uma área de alto risco, próximo ao Hospital Divina Providência e o Sanatório São José, na margem da Av. Oscar Pereira em frente a embocadura da Gruta da Glória, uma área íngreme, na lateral do morro, onde a mata nativa está cedendo espaço para barracos. Uma ocupação que não tem tido uma medida por parte da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, e de nenhuma outra autoridade. Já devastaram uma área de 25 hectares, num total de 100 hectares, de uma reserva ecológica da nossa Cidade. Esses casebres estão em locais de alto risco e que pode, amanhã, acontecer uma tragédia, caso haja uma grande enxurrada naquele morro. Foi retirada do morro a mata nativa, que retira a água. Gostaria de exibir algumas fotos que revelam o desmatamento na frente da Gruta da Glória, é um problema grave. Os religiosos que vivem ali, na área que lhes compete, sempre preservaram aquele local, infelizmente sem nenhuma providência das autoridades locais e do Estado. Nem a FEPAM, nem a SMAM têm tomado qualquer providência em relação ao desmatamento que ali ocorre, e junto com a questão do desmatamento dessa reserva ecológica da Cidade, a questão do risco de que essas famílias sofrem com o perigo de suas habitações estarem localizadas nesse morro íngreme, sem a menor condição de segurança. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu ainda não havia me manifestado sobre a questão da releeição, porque eu não gosto de falar de coisas que são evidentes, mas, de certa forma, convocado pelo Ver. Isaac Ainhorn, baseando-se na entrevista do nosso colega Deputado Paulo Delgado, em conversa rápida, nós consideramos uma lamentável entrevista do nosso colega do PT, Deputado Paulo Delgado. Ele tem razão em algumas questões. Creio que houve erro de tática de Plenário, teria que ter votado para mostrar que não eram apenas dezessete votos contra a Emenda da releeição, mas baseando-se nisso, considerar que o Governo Fernando Henrique Cardoso é um Governo democrático, é um equívoco profundo. O Governo de Fernando Henrique tem uma média de mais de uma medida provisória por dia. Um instrumento que foi estruturado, marcado na Constituição como de situações excepcionais, ser utilizado diariamente, isso é um processo autoritário, marcante. A Folha de São Paulo, as televisões e jornais de todo o País mostraram que houve compra de votos. Os próprios Deputados declararam que votaram a favor, porque manterá a estabilidade de seis mil funcionários. Este é um processo democrático? É impossível trabalhar assim! É um Governo que vai de encontro a uma série de questões que são princípios para nós do PT e da esquerda. Estão entregando o patrimônio público em setores importantes para o desenvolvimento do País: o setor de energia elétrica, a venda da Vale do Rio Doce, etc. Como é que nós podemos fazer um trabalho que não seja de oposição forte a um Governo como este. Portanto, foi uma lamentável entrevista que tem de ser debatida dentro do meu Partido, não com a intenção de expulsar, mas com a intenção de desmontar completamente essa visão. Ele está fora da lógica e da linha do Partido, completamente. Eu acho que não é nem questão de corrente dentro do Partido.

Mas quero também abordar aqui, nesses dois minutos que me restam, a questão trazida numa parte da fala do Ver. Reginaldo Pujol com relação ao transporte de Porto Alegre. Até me surpreendeu vir de um definido liberal - como ele se diz - dizer que nós, ao recebermos uma proposta da ATP, com relação a um outro processo do transporte, complementar ou já existente, que nós estaríamos a mercê da ATP. Isso é uma piada! Quando nós recebemos uma proposta e vamos analisá-la, porque nos parece séria e uma possibilidade concreta de melhorar mais ainda, nós somos criticados. Às vezes tem outros que nos criticam porque nós não viríamos à classe empresarial, não estaríamos abertos. Ao contrário, nós estamos abertos e acho que somos, inclusive, modelo de negociação. Vejam o Shopping Praia de Belas: para ser construído foi necessário o alargamento da Av. Praia de Belas e ser construída uma outra ponte. A exigência que está se fazendo agora, para a construção do Shopping Cristal, é a de que terá que ser comprada outra área e ser reassentada 500 famílias, ser alargada a Av. Diário de Notícias e parte da Wenceslau Escobar. Assim é que deve ser um governo, aberto, mas que exija da iniciativa privada investimento, quando uma parte daquilo que vai investir em seu próprio negócio vai lhe trazer uma renda fabulosa. É assim que tem que ser. Portanto, é lamentável a fala do Ver. Reginaldo Pujol. A intervenção que fizemos foi absolutamente necessária, o transporte coletivo em Porto Alegre era caótico. O que tinha de empresa com caixa 2, jogaram documentos dentro do poço de água; empresas de transporte coletivo que tinham outra empresa: empresa de pedras preciosas. Hoje o transporte está controlado. Volto a dizer: não há queixa do transporte coletivo de Porto Alegre. Queremos melhorar mais ainda. A falta do Ver. Reginaldo Pujol foi simplesmente lamentável, principalmente para alguém que se diz liberal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Garcia): Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 11h20min.)

 

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